Hannah Schmitz, da equipe Red Bull Racing - Red Bull Content Pool
Angela Cullen, da equipe Mercedes - Motorsport Images
Claire Williams, da equipe Williams Racing - Getty Images
Hannah Schmitz, da equipe Red Bull Racing - Red Bull Content Pool
Angela Cullen, da equipe Mercedes - Motorsport Images
Claire Williams, da equipe Williams Racing - Getty Images
O tema deste capítulo não costuma acompanhar a velocidade das pistas. Muito menos a rapidez das mudanças que acontecem nos boxes das equipes tradicionais do grid. É como se fosse uma corrida, só que feita ao contrário. Uma competição desigual que começa do final para cruzar o início. Uma etapa atrás da outra contra o atraso, contra o velho, contra a falta de recursos e contra o descaso que por muitas vezes minou oportunidades e sonhos de quem poderia ser gigante. Falar de Fórmula 1 hoje em dia é entender o novo. Entender as transformações que um dos esportes mais populares do planeta passou e continuará passando. Mas é compreender também os motivos de tamanha discrepância em aspectos primordiais de uma sociedade, como a inclusão.
Pode levar tempo. E tempo onde tudo costuma ser rápido e milimetricamente cronometrado custa caro, não somente financeiramente. Muita "cabeça no muro" ainda vai acontecer para que finalmente tenhamos uma equiparidade. Enquanto o esporte corre atrás da imensa dívida com categorias para mulheres, o público feminino da Fórmula 1 vem ganhando adeptas ano após ano. O reflexo é uma cobertura cada dia mais pensada e produzida com elas, por elas e para todos. As arquibancadas cheias é a explicação desse novo momento em que o automobilismo ganhou caras, pensamentos, diversidade e traços que não eram comuns. Se ver representada em um ambiente tradicionalmente dominado por um único gênero é uma das conquistas, mas ainda tem muitas pela frente.
Uma olhada rápida é esclarecedora. Mais do que a falta de pilotas nas equipes, a representatividade feminina dentro das equipes de Fórmula 1 ainda é pequena. Entre engenheiros e técnicos que se juntam a cada parada de carros no pit lane, elas são a minoria. Mas não passam despercebidas. Apesar de numericamente inferior, alguns dos exemplos mais importantes de trabalho estratégico e parceria, que rende inúmeros frutos em cada etapa, vieram de mulheres. E que mulheres.
Historicamente, o sucesso da equipe Williams dentro da Fórmula 1 é atribuída a seu fundador, Frank Williams, morto em 2020. Mas poucos sabem da participação de sua mulher, Virginia, na ascensão de uma das principais marcas da categoria. Veio dela parte do investimento que Frank precisava para continuar a disputar as etapas e o comando administrativo da empresa. Tempos depois, Claire Williams, filha do casal, se tornou a chefe da equipe, em um momento que ficou marcado por ensaios de retorno à elite e uma grave crise financeira. Na mesma velocidade dos carros, adiantou seu declínio no ranking de construtores. A saída de Claire, em 2020, marcou definitivamente o afastamento da família Williams das competições de Fórmula 1 desde a sua fundação, em 1977. Antes dela, também é possível mencionar o pioneirismo das italianas Leila Lombardi, única mulher a pontuar na categoria principal e de Giovanna Amati, a última mulher do grid, que tentou sem sucesso a classificação para três etapas em 1992.
Em uma declaração que provocou as mais diversas reações, o ex-piloto e atual consultor da Red Bull Racing Helmut Marko disse que mulheres não teriam condições de pilotar um carro na principal categoria do automobilismo. "Se você está pilotando a trezentos por hora e tem uma luta roda a roda, a brutalidade é parte disso. Não sei se isso é da natureza feminina. Tem de estar em forma na Fórmula 1 e precisa de uma força insana desde o ombro", declarou o jornal austríaco Kleine Zeitung em 2019. O pensamento de Marko encontra adeptos entre os mais resistentes, que insistem em condicionar o sexo feminino a apenas uma força física inferior. Essa condição, levada somente em consideração a morfologia dos seres humanos, encontra a ambivalência. Isso porque estudos comparativos colocam mulheres em desvantagem sobre aspectos físicos e atributos de homens, mas ignora completamente que as mesmas condições podem ser equânimes com o treinamento certo e a disciplina indispensável e essencial para o sucesso em qualquer esporte. O segredo está no foco. E exemplos disso não faltam. Automobilismo para mulheres não é novidade. Divisões femininas são comuns em outras categorias e houve até a tentativa da criação de uma competição exclusiva para elas, a WSeries. Mas problemas financeiros anteciparam o fim do calendário, colocando uma enorme interrogação na continuidade do projeto.
Parte do sucesso da Red Bull Racing na temporada de 2022 da Fórmula 1 tem nome e sobrenome. Hannah Schmitz, britânica, que trabalha na equipe desde 2009, é uma das cabeças por trás da conquista dupla da escuderia austríaca. O título de pilotos e o título de construtores foram para Red Bull Racing com pelo menos três etapas de antecedência. A jornada de Hannah na empresa é meteórica. Apenas dois anos depois de sua contratação ela já estava na área de estratégia. Desde 2021, ela é um dos rostos que acompanham o GP pelo pit wall, cabines exclusivas de engenheiros que fica em frente aos boxes das equipes durante a corrida. Por lá, as informações sobre desempenho, regularidade, equilíbrio e estratégias são primordiais para o êxito nas corridas. O trabalho é tão minucioso que até mesmo informações meteorológicas são cruzadas em questão de minutos. A tomada de decisão é sempre na base da pressão e da rapidez. Engenharia mecânica formada em Cambridge, ela também tem conhecimento em linguagem de programação. "Eu assistia as corridas e sempre tive muito interesse em carros, desde quando eu tinha uns 3 ou 4 anos. Eu tinha muito interesse no funcionamento das coisas. Então, tinha certeza de que queria ser engenheira. Eu tive a sorte de estudar em uma escola que encorajava o estudo da engenharia, dando muitas oportunidades trabalhando com a indústria e montando projetos diferentes. Então, eu tinha certeza do que queria fazer antes de entrar na universidade", disse em entrevista ao programa de engenheiros da Oracle Red Bull Racing. "É um meio ainda dominado por homens. Tem alguns desafios que surgem por causa disso, os quais espero que eu já tenha superado. Não acho que eu tenha tido nenhuma experiência particularmente ruim. Mas acho que talvez muitas pessoas não confiem em você, e como estrategista, é preciso dar tarefas para muita gente. E eles precisam te ouvir. É preciso construir essa confiança e, infelizmente, é mais difícil para uma mulher", completou. No Grande Prêmio do Brasil em 2019, Max Verstappen, piloto da equipe, venceu a corrida com três pit stops, algo inimaginável até bem pouco tempo. E a estratégia foi ideia dela. A confiança, a coragem e o sangue frio de Hannah foram cruciais. Resultado disso é que ele foi a escolhida pelos chefes da equipe para receber o troféu de construtores daquela etapa, subindo ao pódio com Verstappen, Pierre Gasly, na época da Toro Rosso e Lewis Hamilton, da Mercedes.
Raciocínio e leitura de corrida para entregar resultados em um ambiente de alta pressão, associados às estratégias que trabalham corpo e mente. Ao lado do talento de um heptacampeão, está o protagonismo de uma companheira de confiança. É quase impossível dissociar a figura de Lewis Hamilton com a de Angela Cullen, sua fisioterapeuta e braço-direito desde 2016. A neozelandesa, uma ex-atleta do hóquei que já trabalhou na preparação da equipe olímpica britânica, é formada pela Universidade de Tecnologia de Auckland. O trabalho com Hamilton inclui o cuidado com a rotina do piloto, como dietas, horários e treinamentos de performance. Hamilton atribui o desempenho nas pistas ao profissionalismo de Angela. "Nós praticamente moramos juntos e somos amigos próximos também. Tive muita, muita sorte de ter encontrado Angela, porque ela é um ser humano muito especial. Ao longo dessa jornada, crescemos juntos em termos de como administramos nossos fins de semana, como nos preparamos, tomando a rota menos estressante e apenas garantindo que estou o mais afinado possível quando entrar no carro", contou em entrevista.
Aos poucos, ações de fomento e visibilidade são realizadas pelas equipes de Fórmula 1. Um exemplo é o que aconteceu em março de 2022, com a Alpine levando duas pilotas para guiar um carro usado em uma das etapas do calendário. Abbi Pulling e Aseel Al Hamad, que são profissionais do automobilismo, foram as primeiras da Arábia Saudita a dirigir um carro de Fórmula 1 e passaram por pontos históricos da capital do país, Riad. Até 2018, mulheres não tinham permissão para dirigir no país. "Espero que isso inspire mais gerações a se apaixonarem pela Fórmula 1 e que mais mulheres considerem o automobilismo como uma carreira futura. É importante que mostremos exemplos para demonstrar à geração mais jovem que podem ser eles no futuro; não importa seu gênero; você precisa mostrar seu talento. Estarei torcendo por eles e abrindo as portas e espero vamos vê-los nos pódios no futuro próximo", disse Al Hamad sobre o dia histórico.
Hannah Schmitz, da Red Bull Racing, no pódio do GP do Brasil de 2019 (Mark Thompson/Getty Images)
Mariana Becker na cobertura da Band - Reprodução/Redes Sociais
Nathalia de Vivo no evento Girls on Track - Reprodução/Redes Sociais
A representação feminina na Fórmula 1, aos poucos, vem sendo ampliada em diferentes espaços. Um deles está no dia a dia da vida dos brasileiros. A cobertura da imprensa nos GPs, antes dominadas completamente pelo sexo masculino, hoje tem diferentes exemplos de mulheres que mostram que o lugar delas é em qualquer ambiente. Presente na cobertura da categoria desde 2007, a jornalista Mariana Becker é uma desbravadora. "Eu tive que me provar muito para conseguir abrir espaço e ter um certo respeito em relação ao que eu estava fazendo", contou ao jornalista Pedro Bial em 2019. Ela foi a primeira a ser designada a cobrir Fórmula 1 em uma TV aberta, dentro de um verdadeiro canhão de visibilidade, que é a TV Globo. "Eu queria muito fazer aquilo, logo me apaixonei por aquilo. E eu achei que eu tinha que vencer e não interessava a circunstância", ressalta Mariana. Ela está, consecutivamente, no dia a dia das equipes, há quinze temporadas. "O ambiente ainda é um pouco machista. Mas melhorou bastante desde que comecei em 2007. Quando eu comecei, realmente, tinha pouquíssima mulher. O Brasil ainda não tinha experimentado ter uma mulher falando de Fórmula 1. Então foi um ambiente bastante espinhoso", relembra. "Eu queria muito fazer aquilo, logo me apaixonei por aquilo. E eu achei que eu tinha que vencer e não interessava a circunstância", finaliza. A categoria mudou de endereço na TV, e a jornalista também. Mariana é uma das principais profissionais da TV Bandeirantes na transmissão da Fórmula 1. A cobertura na emissora conta ainda com Julianne Cerasoli. A jornalista é referência quando o assunto é velocidade. Falando para o público da rádio BandNews FM, do portal UOL, além de canais do YouTube como o Boteco F1, ela criou o No Paddock com a Ju. O projeto digital conta com um canal sobre automobilismo com atualizações semanais, um site dedicado sobre a categoria e um boletim informativo que é enviado ao endereço de e-mail do leitor toda semana, com informações exclusivas sobre as etapas.
O fim de semana de Fórmula 1 costuma ser uma descompressão para Nathalia de Vivo. A jornalista, editora do site F1 Mania e idealizadora do canal Elas na Pista, é uma apaixonada por velocidade há cerca de dez anos. "O máximo que eu conhecia, além de os pilotos mais vencedores como Senna, Barrichello, Schumacher, eu só conhecia o Vettel. Meu pai sempre acompanhou, chegou a ir para Interlagos nos anos 70, lembro de alguns finais de semana ele assistindo a corridas. Eu até se sentava para ver, mas nada de acompanhar. Foi depois de trabalhar que de fato me apaixonei", relembra entre um e outro texto que finalizava sobre a temporada de 2022. "É muito mais do que um trabalho, um amor, um hobby. É um esporte que me apresentou ídolos, apresentou alguns dos maiores atletas do esporte mundial, é torcida, vibração, é ter me dado a oportunidade de amar o que faço diariamente e ter conhecido algumas das melhores pessoas que já conheci na minha vida", completa.
O machismo estrutural dentro da Fórmula 1 é um problema crônico que encontra voz no anonimato amplificado pelas redes sociais. Ela conta que já viveu na pele o que é ser mulher trabalhando com automobilismo. "Sempre sofri ataques por ser mulher falando sobre um esporte considerado de homens. Não sabia o que falava, diminuía o nível dos debates, não sabia escrever, minhas opiniões não contavam e tudo mais", diz. "Mas profissionalmente, sempre tive muita sorte de trabalhar em lugares que me apoiavam e nas salas de imprensa também sempre fui recebida com muito respeito", completa. Igualdade e inclusão são termos que ainda procuram o acelerador para aliar o talento com mais investimentos em mulheres no grid. Em 2018, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), criou a Girls on Track e a F1 Academy. As modalidades foram pensadas para promover e desenvolver jovens pilotas para as competições ao redor do mundo. "Essas são ações extremamente importantes e essenciais para dar mais oportunidades para as mulheres. No esporte de maneira geral, mulheres recebem menos apoio, aberturas, patrocínios. Portanto, ter a principal categoria do automobilismo tentando dar essa porta de entrada para as mulheres não apenas para dentro das pistas, mas também fora, é muito bom", comemora.
Laura Perandim no Autódromo de Interlagos - Reprodução/Redes Sociais
"Acho que dá para resumir a Fórmula 1 como uma válvula de escape. Um jeito de deixar de lado o cotidiano, que costuma ser maçante, e prestar atenção num esporte que não tem um impacto direto na minha vida, mas que de certo modo não deixa de fazer parte dela". O esporte chegou na vida de Laura Perandim apenas em 2021. A estudante de 21 anos é usuária assídua de redes sociais e tem no Twitter o seu principal contato com outros fãs de automobilismo. O usuário que ela escolheu não poderia ser outro: @formulalau. Laura faz parte de uma geração que vem mudando a cara da Fórmula 1, quebrando paradigmas e conquistando novos espaços. Segundo a pesquisa Nielsen/Motorsport, de 2021, mais de 18% da amostra colhida no mundo todo são fãs do sexo feminino, a maior participação da história na categoria. O crescimento foi de 8 pontos em relação a quatro anos antes. O contato e o interesse pela Fórmula 1, em grande parte, pode ser associada a produtos e serviços lançados com o objetivo de fisgar esse público. Exemplos como os da série Drive to Survive, da Netflix, ou a série de games F1, da EA e Codemasters, fazem parte de uma indústria bilionária. A outra parte vem de casa mesmo. "Aquele 'eu via pequenininha com o meu pai' é quase um patrimônio cultural brasileiro, né? Comigo foi assim, mas só tomei gosto pelo automobilismo em maio de 2021. Meu pai é muito fã do Hamilton e sempre me chamava para 'ver o que o Hamilton tinha feito'. Até que me sentei para assistir o GP de Mônaco com ele e me apaixonei por tudo aquilo", contou. Naquela etapa, por estratégia errada da equipe, Hamilton ficou em sétimo lugar e perdeu a liderança para o rival Max Verstappen, que cruzou a linha de chegada na frente. Laura passou a acompanhar cada movimento dos pilotos desde então. "O lado bom de acompanhar a Fórmula 1 pelas redes sociais é conhecer pessoas com o mesmo interesse que o seu e estar exposta a opiniões divergentes da sua que, quando colocadas de maneira respeitosa e clara, podem ampliar a visão que se tem do esporte. E o lado ruim é estar, também, exposta àquelas que expressam o ódio e a intolerância dos seus autores. A pior parte de tudo isso vem quando você começa a comentar e a ganhar certo alcance, porque essas respostas indesejadas podem acabar sendo dirigidas especificamente a você. A partir daí é tudo uma questão de saúde mental para saber o que absorver ou não. Uma aventura, se a gente for bem-humorada", pondera.
"Ser mulher e gostar de um esporte historicamente masculino torna os ataques quase inevitáveis, infelizmente. Eles podem ser sutis - como quando um homem presumiu que eu não sabia conceitos básicos do automobilismo. Podem ser de cunho sexual, quando outro me disse que eu deveria mandar uma foto íntima no privado dele se eu quisesse continuar comentando Fórmula 1 em paz", revela, sobre os ataques enfrentados por mulheres dentro base de fãs da categoria, principalmente via Twitter. Na maioria dos casos, esses xingamentos partem de homens adultos com uma espécie de complexo de superioridade. "Logo depois do Grande Prêmio de São Paulo de 2022, por exemplo, tive que privar minha conta para parar de receber comentários me dizendo que 'mulher não entende nada de carro, nem deveria comentar sobre esporte de homem'. Eram tantos que fiquei com medo de perder a conta", disse.
Os ataques a mulheres, infelizmente, não é exclusividade das redes sociais. Em 2021, relatos de machismo e assédio assustaram torcedoras de Interlagos na etapa brasileira da Fórmula 1. Os casos, ocorridos principalmente nas arquibancadas mais populares do autódromo, como a A e a G, tiveram amplo destaque e provocaram reações como forma de coibir novos episódios, que diminuíram em 2022. A jornalista Evelyn Guimarães, editora-chefe do site Grande Prêmio, contou detalhes sobre os casos no Brasil e o projeto The Lap One criou um grupo de apoio para a segurança e confiança de mulheres. O assédio de torcedores acontece em diferentes partes do mundo e é um problema crônico. No GP da Áustria, em 2022, Lewis Hamilton repudiou os casos de assédio de torcedores da Red Bull. "Ir ao GP da Áustria ou a qualquer outro GP nunca pode ser motivo de medo e dor para torcedores, e alguma coisa tem de ser feita para garantir que as corridas sejam seguras para todos", disse em postagem no Instagram.
O caminho é longo. E a Fórmula 1 tem tentado correr atrás do prejuízo. Mas as ações ainda não empolgam. Para a Laura, elas são insuficientes diante do poder da categoria. "O melhor exemplo disso é o fato da última temporada da WSeries, uma categoria de monopostos feminina, ter sido encurtada por falta de verba, sendo que a Fórmula 1 poderia ter ajudado financeiramente desde a criação da divisão. Para além das pistas, os vídeos em que os pilotos dizem meia dúzia de palavras sobre discriminação não parece ter qualquer efeito na comunidade que acompanha o esporte. Se a FIA realmente pretende tornar o ambiente mais atrativo para o público feminino, precisa investir muito mais nesta causa", comenta. Após a etapa brasileira, a organização divulgou a criação da F1 Academy, categoria feminina que incentiva o desenvolvimento e crescimento das pilotas dentro de categorias como Fórmula 3, Fórmula 2 e na principal, a Fórmula 1. "Até 2017, era muito comum ter mulheres nos Grandes Prêmios que não tinham nenhuma função além de 'decorar' o ambiente e ser um objeto de desejo dos homens. Mesmo depois do fim dessa tradição, uma boa parte do público masculino da Fórmula 1 ainda acha que qualquer mulher desse meio exerce o papel de 'decorar' o ambiente e nada mais que isso. E é esse cenário que ainda proporciona, por exemplo, os números tão altos de assédio nas arquibancadas", reforça. As "grid girls" que a estudante cita é uma cultura banida das pistas desde 2018. Na época, várias críticas foram as críticas pelo suposto "politicamente correto" da decisão.
"Há, ainda, um grande conflito entre as gerações mais velhas e mais novas, justamente pelas divergências no jeito de consumir o conteúdo. Os mais jovens acabam sendo mais conectados aos pilotos justamente por esse investimento alto da categoria nas redes sociais, seja das equipes ou dos próprios atletas, e isso acaba incomodando bastante alguns fãs mais antigos. Mas eles também acabam sendo beneficiados por esse formato, já que proporciona um acesso mais fácil ao lado técnico da Fórmula 1. Todo mundo sai ganhando", opina.
A fisioterapeuta Angela Cullen e Lewis Hamilton (Dan Istitene/Formula 1/Getty Images)
FOTOS BLOCO DE CONTEÚDO:
Angela Cullen - Reprodução/Redes Sociais. Hannah Schmitz - Getty Images. Monisha Kaltenborn - Sauber Photo. Claire Williams - Octane Photographic Ltd. Antonia Terzi - BMW AG.
Episódio Podcast Gui Osinki - Reprodução/Spotify. Mulheres pilotas - Reprodução/Elas na Pista. Mariana Becker em entrevista - Reprodução/Flow Sport Club.