Thiago Cipriano @thiagocipriano
Jornalista
Thiago Cipriano @thiagocipriano
Jornalista
Paulistano nascido no Ipiranga, filho de nordestinos que viram na megalópole uma forma de fugir de um ambiente de dificuldades no sertão pernambucano. Essa talvez seja a explicação para a maior determinação de uma vida inteira: a luta e a conquista de objetivos, sejam eles quais forem. O sangue que corre nas minhas veias é fruto de uma vida talhada em ser mais do que eu poderia buscar ou compreender, vendo o peso de decisões serem influenciadas por escolhas nem sempre fáceis. Talvez seja essa a sina de quem não se sente confortável em demonstrar o que é e o que quer para si.
Ainda criança, acredito que o jornalismo tenha me escolhido da forma mais cruel e impactante. Com 10 anos, acompanhar atentamente a cobertura intensa dos ataques terroristas de 11 de setembro, nos Estados Unidos, me fez acordar para algo que já havia intrinsecamente dado diferentes indícios até então. Desde pequeno, o interesse em televisão, mais precisamente em coberturas jornalísticas, me deu bagagem que até hoje desafiam a lógica. Lembro-me com riqueza de detalhes da comoção em torno da tragédia com o grupo Mamonas Assassinas, em um acidente aéreo que matou todos os seus integrantes no auge da carreira. Com 5 anos, vi sua repercussão em um domingo cinzento e o olhar de perplexidade de amigos e parentes diante de um fato narrado, ao vivo, pela televisão, em programas de entretenimento, que naquele dia abriu espaço para a informação em tempo real, trazendo os diferentes impactos sobre o assunto. Nos anos seguintes, com os desdobramentos de guerras e conflitos pós atentados, pude acompanhar a escalada do medo e da tensão no mundo árabe pelas lentes da TV, muito em decorrência do acesso a canais de notícias, um mundo novo para mim. Não foram poucas as vezes que acompanhei por diferentes madrugadas as rajadas de tiros rasgando o céu nas noites de Bagdá, no Iraque, ou até mesmo a definição de projeções das eleições americanas, nas eras Bush e Obama.
A escolha do jornalismo pareceu óbvia, apesar dos caminhos não serem totalmente cristalinos nessa jornada. Com enorme paixão pela telinha, experimentei por quase três anos em Rádio e Televisão, muito pelo fato de ter sido criado e formado pela babá eletrônica de quase toda criança nascida nos anos 90. Ao longo da minha formação acadêmica, pude perceber como o jornalismo sempre esteve ligado à minha vida pessoal e profissional. Foi por intermédio do curso que descobri uma paixão que, até então, somente tratava como hobby: as redes sociais. Trabalhando como estagiário na assessoria de comunicação da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, além de estar diariamente em contato com jornalistas e assessores dos mais diferentes setores, público e privado, conheci a rotina de social media e me descobri alguém criativo, com olhar apurado e bem-informado que contribuiu para a profissionalização desse novo ambiente. Sendo usuário de Twitter, vi a rede social crescer e desbravar novos ambientes, me garantir cases e histórias, que apesar de um declínio sem precedentes nos últimos anos, sempre estará entre os meus lugares favoritos.
O contato com redes sociais, a produção de conteúdos para essa mídia, a definição de estratégias e cronogramas para alcançar sempre o melhor público, da melhor forma possível, do jeito mais criativo e natural possível, me levou a ser um dos responsáveis pelos perfis da maior marca de uma empresa multinacional, a Unilever, trabalhando como social media dos perfis do sabão OMO. Como tudo é uma construção, diariamente penso o que teria acontecido se aquela proposta de estágio fosse recusada? E se ela não tivesse acontecido? Se o caminho tivesse seguido em Rádio e Televisão? A paixão por escrita, por acompanhar o noticiário, por observar com olhar crítico os fatos e como eles são narrados podem ter mudado ao longo de minha formação acadêmica. Mas a paixão e o brilho nos olhos da primeira vez que pisei na sede da FIAM-FAAM no Morumbi, esses ainda estão comigo, intocáveis, como a folha seca de Maple que peguei no chão, voltando do primeiro dia de aula.
Sendo também um apaixonado por eventos esportivos, a definição do tema do Trabalho de Conclusão de Curso parecia óbvia. Mas a escolha de 9 entre 10 estudantes de jornalismo a temas ligados ao jornalismo esportivo convencional me fizeram redefinir as rotas. Inicialmente, minha ideia para este projeto seria falar sobre o impacto dos Jogos Olímpicos na formação de jovens em lugares periféricos, distantes de uma realidade com abundância de equipamentos de treinos que possam proporcioná-los qualquer nível de competitividade. A ideia, inclusive, foi trabalhada em atividade de Jornalismo de Revista, matéria ministrada pela professora Carla Tôzo, no segundo semestre de 2021, onde produzi um infográfico trabalhado em informar os locais de prática gratuita de esportes olímpicos pela cidade de São Paulo. Em seguida, temas factuais que geraram grande comoção no país era a ideia a ser trabalhada. Em 2013, pouco tempo depois da minha matrícula no curso de Rádio e Televisão na própria FIAM-FAAM, um incêndio em uma boate no Rio Grande do Sul marcou para sempre a história do país. A tragédia da Kiss, abordada posteriormente em livros, documentários e futuras séries documentais era o tema perfeito e uma espécie de homenagem aos jovens que, assim como eu, estavam no melhor momento de suas vidas, com o início de sua jornada acadêmica.
Por fim, a escolha que considero mais acertada foi o de falar sobre Fórmula 1. Ser um apaixonado por esportes, e fugindo do mais convencional dos temas, me pareceu um tema que pouco é discutido e debatido em ambiente acadêmico. Ainda é senso comum imaginar a categoria somente como algo elitista, machista, pouco acessível e sem qualquer tipo de interesse e integração com o seu público. Essa ideia quase foi vencida após as pesquisas e leituras de autores como Bower (2013) - madrugadas adentro com o meu fiel amigo Hiro, um pinscher de quase 2 anos - e que mostrou um lado da Fórmula 1 que poucos ainda conheciam. Se os fatos de contrapõem contra esses argumentos, seja pela falta de diversidade econômica, étnica e social em suas categorias, equipes e público em geral, a discussão vai muito além. Outros insights para a escolha deste tema foi ter acompanhado a série F1: Drive to Survive, da Netflix, que mostra os bastidores das competições, as suas estratégias e principais fatos durante a realização das etapas ao redor do mundo. Ter acompanhado durante anos as corridas pela televisão, acordar cedo aos domingos para torcer por brasileiros, vibrar a cada ultrapassagem do piloto favorito, faz com que o tema seja muito mais fácil de ser trabalhado. Quero lembrar da produção com o mesmo carinho que tenho das lembranças das manhãs de domingo, seja acompanhando as inúmeras voltas em um Grande Prêmio de Fórmula 1, ou escrevendo e entregando essas reportagens.
Este projeto contou a orientação do professor Guy Pinto de Almeida Jr, com banca formada pelos professores Rafael Fermino Beverari e Maria Lúcia da Silva.
FOTOS:
Acervo pessoal