Emerson Fittipaldi no GP de Long Beach em 1970 - LAT Images
Nelson Piquet no GP da França em 1983 - F1.com
Ayrton Senna após cerimônia da vitória - Getty Images
Emerson Fittipaldi no GP de Long Beach em 1970 - LAT Images
Nelson Piquet no GP da França em 1983 - F1.com
Ayrton Senna após cerimônia da vitória - Getty Images
Poucos dias são tão significativos quanto um domingo. Não é um dia comum. É o reencontro do abraço, da risada, da brincadeira. É um dia diferente de qualquer outro. Nem precisa dizer qual dia é. Para muitos, é o melhor dos dias. É o sorriso de quem sente saudades cruzando o caminho de quem espera. É a redenção de quem passou pelo desafio, pela provação e pela resiliência. É a cruzada de quem ganha a chance de voar baixo no asfalto e alto em seus sonhos. É o dia em que a trilha sonora pode ter várias notas. Ela é o tom de conversa ao pé da mesa, acompanhada da história nunca antes contada. Ou da churrasqueira que trabalha desde cedo, preparada a semana toda para ficar no ponto. É também o latido do cachorro querendo a atenção em meio ao caos controlado por uma tradição que passa de geração em geração. Pode ser o acorde de um saxofone embalando as lágrimas que escorrem com um sorriso largo no rosto. Se para uns é o final do que já foi, para outros é o início do que será. Para todos, é o dia em que a memória guarda as melhores lembranças. Esse capítulo começa bem cedinho.
Falar de um domingo é entender a simbologia que ele provoca na vida de cada um. E para um fã de velocidade, é compreender que nele moram mitos e lendas. Mas o dia mais importante para os apaixonados pelas máquinas voadoras nasceu em um sábado. O primeiro Grande Prêmio, dentro daquela que hoje conhecemos por Fórmula 1, foi disputado em Silverstone, na Inglaterra, e a vitória foi de um italiano, Giuseppe Farina. Nada mais natural, a dominação era absoluta de montadoras como Alfa Romeo, Maserati e Ferrari, todas da Itália. O dia 13 de maio de 1950 marcou a estreia da categoria mais importante do automobilismo mundial.
De pistas clássicas que fazem o imaginário coletivo, saíram nomes que até hoje são lembrados como referências de talento e domínio. Os carros pilotados por Jim Clark, Niki Lauda, James Hunt, Alberto Ascari e Juan Manuel Fangio transportam o torcedor para um passado onde só havia espaço para gigantes, mesmo que ainda em condições precárias de organização. Fangio, um hermano argentino, sempre ressaltou nas centenas de entrevistas ao longo de sua vida que nunca foi um piloto espetacular, mas que que era "apenas eficiente". O pentacampeão mundial ganhou 24 das 51 corridas que disputou, uma das maiores sequências da história.
Nas primeiras décadas de corridas, não havia equipamentos de segurança que garantissem a integridade dos pilotos. Macacões, capacetes e cintos de segurança eram itens inexistentes e acidentes graves mancharam para sempre as pistas da novata categoria que ainda se profissionalizava. Nos primeiros GPs, cubos de feno faziam as vezes de amortecedores e tinha até cachorro invadindo a pista durante as corridas. O amadorismo, muitas das vezes fatal, em nada lembra os modernos equipamentos e tecnologia de ponta dos dias atuais.
Em entrevista ao Esporte Espetacular, em 2012, Emerson Fittipaldi relembrou a falta de segurança na Fórmula 1 e as dificuldades de seguir no grid. "Naquela época morria pelo menos uns três por ano. A hora que eu saía da casa, indo para um Grande Prêmio eu pensava 'será que eu vou estar aqui de volta no próximo domingo?'", conta. "Mas quando eu ganhei meu primeiro mundial em Monza, eu voltei para a Suíça e falei com meu irmão e com meu pai, só com os dois, falei 'eu vou parar, não corro mais'. O que mais eu quero? Sou campeão mundial, para que eu vou continuar. Eles falaram 'Emerson, você gosta, é a sua paixão, você tem tanta oportunidade pela frente'. E eu continuei", completou. Na mesma entrevista, o bicampeão reforça a importância da vitória em Monza para o esporte se popularizar entre os brasileiros. "Quando eu ganhei o primeiro título mundial, em 10 de setembro de 1972, eu acho que aí que deu a explosão da Fórmula 1 no Brasil". E não é por acaso que uma das narrações mais lembradas por fãs nostálgicos veio de casa. O pai do piloto, Wilson Fittipaldi, o popular Barão, emprestava sua locução aos microfones da Rádio Jovem Pan nas transmissões de corridas. Foi na voz dele que o brasileiro ficou eternizado quando levantou a taça naquele Grande Prêmio, um feito raro dentro de uma família de atletas. "Venceu Emerson Fittipaldi! Venceu o Brasil, minha gente!", vibrou emocionado. Na esteira da entrada do brasileiro no seleto grupo de pilotos lendários da Fórmula 1, o Brasil recebe pela primeira vez a organização das corridas no Autódromo de Interlagos. Em 2022, uma série de eventos comemorou os 50 anos das etapas no país. Um orgulho nacional que movimenta bilhões na economia.
Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet durante treinos para o GP de Portugal em 1986 (AFP)
Rubens Barrichello no GP da Alemanha em 2000 - Getty Images
Felipe Massa no GP do Brasil em 2006 - Ferrari Media Center
O caminho aberto por Chico Landi nos anos 50, o primeiro piloto brasileiro a disputar um GP de Fórmula 1, e trilhado por Fittipaldi nos anos 70, o primeiro campeão e bicampeão mundial, além de José Carlos Pace, cuja única vitória na carreira foi justamente no Brasil, é a porta de entrada para a geração que viu gênios pintarem as pistas de verde a amarelo nas manhãs de domingo. Nelson Piquet e Ayrton Senna, nos anos 80, fazem parte dessa primeira escola de pilotos nacionais que levaram o tricampeonato. Eles foram a cara de uma época de profundas mudanças na maneira de consumo e competitividade da Fórmula 1. A tecnologia arrojada, a adoção de estratégias milimetricamente pensadas por equipes, a profissionalização das escuderias e a entrada de investimentos milionários alçaram a categoria a um novo patamar. Motores potentes, paradas rápidas para reabastecimento e carros cada vez mais velozes tornavam a disputa dentro das pistas um espetáculo de entretenimento que emocionava o público nas arquibancadas e na frente da TV. Esse novo momento do automobilismo brasileiro conquistou de vez o público.
Correndo apenas quatro vezes em Interlagos, Piquet fez do Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, a sua casa. Naquela época, o Grande Prêmio do Brasil viria a ser disputado na capital carioca por conta da modernização do autódromo paulistano. Na etapa de 1986, Piquet e Senna ergueram juntos a bandeira brasileira no alto do pódio. Um gesto até hoje lembrado pelo reconhecimento aos torcedores e por uma cena que não veio a se repetir nos anos seguintes. As brigas, que ultrapassavam os limites da pista, eram recheadas de alfinetadas e suposições que abalaram o relacionamento dos campeões. Considerada a geração de ouro na Fórmula 1, a famosa dobradinha de Piquet com Nigel Mansell na Williams e de Ayrton Senna e Alain Prost na McLaren provoca saudosismo até hoje em fãs do mundo todo.
Muito além das brincadeiras e sempre acima de qualquer questionamento sobre o talento que vem desde criança, Interlagos viu a Fórmula 1 retornar para casa. E também novas crias dominarem o cenário na categoria mais nobre. Nunca antes um piloto brasileiro correu tantas vezes quanto Rubens Barrichello. Mesmo assim, ele foi alvo certeiro de críticas da torcida e da imprensa nas quase duas décadas em que ficou na elite. É dele uma das dobradinhas mais famosas de um período de dominação da Ferrari, ao lado do companheiro de equipe, o heptacampeão Michael Schumacher. Talvez uma vergonhosa ultrapassagem solicitada pela escuderia, no GP da Áustria de 2002, tenha deixado marcas profundas em uma sangria que até hoje nunca foi estancada. Desde a estreia na África do Sul em 1993, passando pelo emocionado choro na Alemanha em 2000, até a sua aposentadoria da categoria em 2011, foram 345 corridas, 65 pódios, 11 vitórias, 2 vice-campeonatos e uma história sem precedentes dentro do cockpit.
Olhando para a fileira ao lado, o macacão nas cores da bandeira é o ápice e o grito que ecoa das arquibancadas. É uma sinfonia de sons que parece pulsar no ritmo da batida do coração. A vitória mais importante da carreira do último brasileiro titular da Fórmula 1 aconteceu há dezesseis anos, em 2006, num misto de lágrimas e suor que só o templo do automobilismo poderia proporcionar. A vitória no Brasil é lembrada como a volta de um talento brasileiro no topo do mundo. Felipe Massa, que fez história na Sauber, na Ferrari e na Williams, se despediu das pistas em 2017, mas seu legado na Fórmula 1 é de regularidade e um quase título perdido na última curva, em 2008. Em um esporte decidido nos detalhes e ao longo de 272 GPs disputados, as 11 vitórias de Massa ainda estão frescas na memória do torcedor.
Ayrton Senna no GP do Brasil de 1991 - Norio Koike/ASE
Rogério Brambilla no GP do Brasil em 2012 - Reprodução/Redes Sociais
Coleção de carrinhos de Rogério Brambilla - Reprodução/Redes Sociais
Bastam apenas poucos segundos para que algumas notas musicais façam o coração vibrar de emoção. O ritmo acompanha as batidas na velocidade em que os carros rasgam as pistas em direção ao infinito e à glória. Composta por Eduardo Souto Neto, os arranjos do "Tema da Vitória" nasceram de um pedido para que a transmissão televisiva da etapa brasileira ganhasse um toque especial. E que toque especial. Em pouco tempo, os acordes do saxofone, do clarinete, do piano e da bateria, todos em perfeita sintonia, tornaram-se o tema oficial das vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1. Em uma contagem, foram pelo menos setenta reproduções em corridas desde o final dos anos 80 até meados dos anos 2010. Boa parte delas eternizadas por um campeão que fez o Brasil acordar mais cedo aos fins de semana. Aquela trilha tocando era o aviso de que o domingo estava oficialmente começando.
Um dos maiores expoentes da categoria mais nobre do automobilismo se acostumou a despertar o público com a bandeira brasileira tremulando em um desfile de gala nas pistas mais desafiadoras do mundo. O Hino Nacional, carregado da enorme sensação de dever cumprido, era o apogeu que poucos conquistaram. A genialidade de Senna nas pistas contrastava com a timidez e a emoção que carregou durante toda a sua carreira, arrastando fãs e admiradores por onde passou. É com ele a maior disputa que o automobilismo já conheceu. Senna rivalizou com o companheiro Alain Prost em boa parte de seus anos de pista. É dele a vitória mais desafiadora que Interlagos já testemunhou, no GP de 1991, onde com apenas uma marcha e embaixo de chuva, levou o carro à linha de chegada em condições improváveis e nunca antes superadas. Não basta ter estratégia, é preciso ter talento e foco nos objetivos. Hoje, é possível dizer, o mundo era pequeno demais para Senna.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 23% da população brasileira tem menos de 29 anos. Isso significa que toda uma geração nunca viveu a catarse da "Senna Mania". Grande parte possivelmente não conhece ou entende a grandiosidade e importância do brasileiro para o esporte. Mesmo assim, não é difícil encontrar fãs que relembram, enaltecem e defendem o legado do piloto, mesmo que sejam de épocas diferentes. "Ayrton sempre será o melhor. Por sua paixão e determinação. E também por pensar nos demais. O Instituto Ayrton Senna está aí para provar. E o que ele fez pelo Comas também", relembra Rogério Brambilla, admirador incondicional do brasileiro. O acidente com Erik Comas, piloto francês da Equipe Ligier, aconteceu no GP da Bélgica em 1992. Durante os treinos para a corrida daquele final de semana, o carro do francês se chocou em uma das curvas, atravessou a pista e bateu em um muro. O impacto deixou Comas desacordado. Ao perceber o risco de vida que o colega sofria, Senna parou sua McLaren e logo foi ajudar o piloto, tirando a chave da ignição para não causar superaquecimento dos motores, minimizando os riscos de explosão do carro. Ele prestou ali os primeiros atendimentos até a chegada da equipe médica. "Nem o Schumacher parou o carro quando viu o irmão espatifado em Indianápolis", reforça.
O automobilismo faz parte da vida de Rogério desde cedo. O publicitário, não por coincidência, mora com a esposa e a filha nos arredores de Interlagos. "Lembro que os únicos momentos em que minha família ficava reunida eram nos domingos pela manhã para assistir as corridas", diz. Nas redes sociais, postagens em homenagem ao brasileiro disputam espaço com as fotos da pequena Teodora. Em datas especiais, como no aniversário de Senna ou no dia da morte do piloto, o publicitário publica reflexões e imagens reforçando a presença do ídolo. Ele lamenta não ter acompanhado a época de Senna na Fórmula 1, mas conta experiências únicas que viveu acompanhando o esporte. Em 2012, após ganhar ingressos de uma patrocinadora da etapa brasileira, ele viu pela primeira vez os carros que só acompanhava à distância. "Era a última corrida do ano, o Brasil fechava o calendário e o Sebastian Vettel quase perdeu o título. O Bruno Senna bateu no Vettel, ele rodou bem na minha frente, se recuperou e aí foi uma corrida maravilhosa, onde foi campeão", relembra. Ele conta que a paixão pela velocidade veio pela curiosidade assistindo as transmissões pela televisão, em narrações que já fazem parte da história do esporte.
A memória afetiva do brasileiro tem nome, sobrenome e uma voz marcante. Mesmo que as emoções da pista já tenham passado por ícones como Geraldo José de Almeida, Tércio de Lima e Luciano do Valle, talvez seja quase unânime pensar em Fórmula 1 e automaticamente associar a categoria a uma única pessoa: Galvão Bueno. O autointitulado "vendedor de emoções" é a voz das principais conquistas esportivas do Brasil nas últimas quatro décadas. Dos mundiais de Senna e Piquet, das vitórias de Barrichello e Massa, passando por narrações históricas no tetra e no pentacampeonato de futebol, ou nas medalhas de ouro do vôlei e da natação nos Jogos Olímpicos, Galvão é um dos símbolos de uma geração que aprendeu a ver o Brasil no lugar mais alto do pódio. O narrador da TV Globo, que era amigo pessoal de Senna, falou sobre as memórias e a importância do piloto para a autoestima de um país que enfrentava sérios problemas. "Nós temos ídolos esportivos, nós temos heróis do esporte. Ayrton Senna era um herói nacional. Ele era aquele menino que alegrava as nossas manhãs de domingo. Era aquele menino brasileiro que ganhava dos caras do mundo inteiro. Que fazia as pessoas vibrarem, chorarem. Era o Ayrton Senna do Brasil", disse em matéria do Esporte Espetacular, em 2012.
Senna não se limita às fronteiras de um país, nem aos limites de um esporte. O piloto brasileiro é ídolo até mesmo de quem já chegou no topo. E nada menos do que sete vezes. O inglês Lewis Hamilton é declaradamente fã e não esconde a admiração e inspiração que busca no estilo Ayrton Senna de respirar a Fórmula 1. "Quando eu era criança, eu sentia que era alguém que eu me identificava. Quando eu assistia a Fórmula 1 não havia ninguém negro. Ninguém que expressava seus pensamentos religiosos. Ele era alguém super autêntico, um piloto muito agressivo, alguém incrivelmente determinado. Um ícone que me inspirou quando criança. Eu o vi e pensava: 'quero ser como ele, quero ser bom em todas as áreas que ele é incrível para ser como ele'", falou em entrevista de 2018, ano em que foi pentacampeão mundial. A McLaren, onde Hamilton ganhou seu primeiro título, exibe o logotipo de Senna nos carros principais desde o GP de Mônaco de 2022. "Vai servir como um lembrete constante do talento sensacional do Ayrton Senna para nós e para todos os nossos fãs ao redor do mundo", disse Zak Brown, CEO da equipe inglesa. A mesma homenagem já havia sido feita pela equipe Williams, a última defendida pelo piloto brasileiro, a partir de sua morte. Durante 27 anos, o bico de todos os carros levavam o nome do brasileiro. Com a venda da equipe, a homenagem deixou de ser realizada na temporada de 2022.
O legado de Ayrton Senna inspira gerações de fanáticos pela velocidade. Da homenagem na curva que leva o seu nome em Interlagos ao Instituto que promove educação a crianças carentes, sua marca é do tamanho de uma lenda. O Brasil ainda espera a chance de retornar à categoria principal do automobilismo. Com os dois pés no acelerador, nomes nacionais em ascensão como Felipe Drugovich, piloto de testes da Aston Martin, e Pietro Fittipaldi, piloto de testes da Haas, carregam sem recortes a esperança de um país inteiro. A pátria de capacete quer voltar a voar baixo, na altura de nossos sonhos.
FOTOS BLOCO DE CONTEÚDO:
Emerson Fittipaldi - Reprodução/Bandsports. Nelson Piquet - Reprodução/UOL. Ayrton Senna - Reprodução/TV Cultura/F1
Chico Landi e Gino Bianco - Reprodução/ge. Nano da Silva Ramos - Reprodução/AutoHebdo. Fritz d'Orey - Reprodução/Band.
Emerson Fittipaldi - David Philips/Motosport Images. José Carlos Pace - Reprodução/Icon Wheels.
Wilson Fittipaldi Jr - Bernard Cahier/Getty Images. Luiz Pereira Bueno - Reprodução/Folhapress.
Ingo Hoffmann - Reprodução/UOL. Alex Dias Ribeiro - Divulgação. Nelson Piquet - Reprodução/F1.com.
Chico Serra - Reprodução/Forgotten Drivers. Raul Boesel - Reprodução/F1 Fandom. Roberto Pupo Moreno - Reprodução/FormulaPassion.
Ayrton Senna - Jorge Araújo/Folhapress. Maurício Gugelmin - Divulgação. Christian Fittipaldi - Reprodução/Redes Sociais.
Rubens Barrichello - Mark Thompson/Allsport. Pedro Paulo Diniz - Getty Images. Ricardo Rosset - LAT Images.
Tarso Marques - XPB. Ricardo Zonta - Toyota Racing. Luciano Burti - FIA. Enrique Bernoldi - Getty Images.
Felipe Massa - AFP. Cristiano Da Matta - Divulgação. Antônio Pizzonia - Redes Sociais/AFP. Nelson Piquet Jr. - Alexander Trienitz.
Bruno Senna - Suzanne Lee/Liberation. Felipe Nasr - Reprodução/Jovem Pan.